Fica tranquila. A culpa não é tua, ela é toda minha. Fui eu que acreditei que a mistura de melancia e bergamota era possível. Fui eu que pensei que acreditar em uma mentira, podia fazer ela virar uma verdade. Fui eu que escrevi cartas, comprei chocolate e mandei flores sem que nunca tivesse me pedido. Fui eu que pensei que te surpreender te conquistaria, que te beijar te faria querer ficar nos meus braços e que te abraçar te deixaria com vontade de ficar pra sempre comigo.
Eu que errei ao pensar que as nossas conversas realmente te faziam bem, ao acreditar que tu me ligaria no meio da noite dizendo que estava com saudade e iria correndo me ver, errei ao jurar que não te abandonaria mesmo quando me desse motivos e ao planejar um futuro que nunca vai existir, pelo menos, não ao teu lado.
O idiota que acreditou em contos de fadas do século 21 tem meu nome, sobrenome e a mesma assinatura. É esse que se ajoelhou para ouvir cada palavra tua e que acreditou em todas. Ele que deixou de dizer adeus mais de 17 mil vezes por pura esperança besta de que iria te ter pelo nosso próprio infinito, mas não lembrou de pedir se o teu infinito era tão grande quanto o dele, ou se era só mais um dos finitos escondidos por trás de sorrisos com dias contados. Esse cara que te ligou por medo de te deixar chorando sozinha. Esse cara que te escreveu palavras lindas pra te fazer sorrir. Esse cara que até deu soco nas paredes mais firmes pra poder te ver. Esse cara que se deixou apaixonar pela forma estranha como tu engole as letras de cada palavra e a maneira como pronuncia certos palavrões. Pois é… Esse cara cansou de ser só mais um troféu no teu armário, uma transa na tua noite, uma música da tua playlist, um livro na tua biblioteca, um brigadeiro no teu aniversário ou uma letra no teu caderno de caligrafia. Odeio dizer adeus, mas eu preciso. Detesto ir embora, mas eu vou. Acho péssimo sair sem me despedir, mas chegou a hora. Também não gostei das vezes que tu me fez acreditar que algo de verdade podia acontecer. Só lamento que tenha esperado tanto. E lamento não ser o que tu sempre sonhou, aquele teu aposto que deu certo, aquele chocolate amargo que te deixou feliz ou o sorriso por trás de cada lágrima tua.
Fonte: Deivid Rafael
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